quarta-feira, 9 de março de 2016

Suicídio Espiritual

"Desviando-se o justo da sua justiça, e cometendo iniqüidade, morrerá por ela; na iniqüidade, que cometeu, morrerá". (Ezequiel 18:26)


Uma fato muito preocupante está ocorrendo dentro das Igrejas Evangélicas da atualidade. Temos acompanhado o crescimento do movimento evangélico no Brasil, onde este cresce a uma taxa surpreendente. Segundo noticiário publicado no site www.g1.globo.com, a religião evangélica, em 10 anos, cresceu 61,45%, enquanto outras, no mesmo período, declinaram. Isso quer dizer que cerca de 22,22% da população brasileira professa a fé evangélica (42,3 milhões de pessoas).


Talvez, numa primeira visão, teríamos tudo para comemorar este surpreendente "avivamento" que a nação brasileira tem vivenciado neste últimos 10 anos. Muito deste crescimento vem ocorrendo devido ao movimento Gospel, que tem lançados muitos cantores a mídia brasileira, atraindo multidões com o seu evangelismo. A Palavra de Deus, nunca esteve tanto em evidência nos meios de comunicação como atualmente temos enfrentado.

Mas, diante de tudo isso, uma pergunta tem que ser feita: "a que preço este crescimento tem ocorrido?"

Uma enxurrada de pessoas tem adentrado aos templos evangélicos, na busca de sarar as suas feridas, pois o conceito de Igreja é de um grande hospital espiritual. Muitos (ou a grande maioria), estão vindo para as igrejas atrás de uma cura interior, a qual no mundo, devido a constantes decepções, não estão encontrando. Os templos estão ficando pequenos para tanta gente. Será que temos que comemorar este fato?

Ao analisarmos este movimento de "avivamento", observamos que, da mesma forma que as pessoas estão entrando, também estão "morrendo" ou saindo de dentro dos templos. Isso tem ocorrido devido a falta de qualidade que o movimento está tendo, pois os "evangelistas" tem colocado as pessoas sentadas dentro das igrejas e nenhum acompanhamento tem sido oferecido. É como se as pessoas já tivessem a obrigação de estarem prontas para o caminho da salvação; é como se o medo do inferno fosse a doutrina fundamental para mantermos as pessoas; é como se os "benefícios materiais" que Cristo pode oferecer sejam o suficiente, não bastando mais nenhum esforço de nossa parte.

Tais fatos tem ocasionado o que chamamos de "Suicídio Espiritual". Pessoas maus preparadas estão a frente de trabalhos importantes de cura espiritual, passando condenações atrozes a pessoas doentes que acabam entristecendo-se muito mais do que quando estavam no mundo. Devido a testemunhos falhos e corrompidos, pessoas estão se desviando, sem ter o conhecimento de que o que importa, única e exclusivamente, é a Cruz do Calvário. O que importa realmente, é a Graça de Deus e que temos de nos comprometer com ela.

Vemos disputas de vaidades, as quais acabam ocasionando feridas profundas em muitos membros das igrejas, sendo que o objetivo da igreja é a de que vivamos em unidade, como diz At 2. 44-47. Por conta do próximo (onde não conseguimos ter o cumprimento do mandamento de Mc 12.33), muitas pessoas, ao ter o homem como referência, abandonam o caminho da fé, retornando ao mundo e para a condenação de suas almas. Deus manda (não pede), amarmos ao nosso próximo com todos os seus defeitos e deslizes. Vivemos uma unidade e não uma individualidade. Devemos nos suportar uns aos outros (Ef 4.2), amando aos que estão próximo de nós, como todos os defeitos. 

Mas ao contrário disso, fica mais fácil condenarmos ao nosso próximo em nossa "santidade", a qual não possui nenhum embasamento bíblico que a sustente. Isso porque, a própria Palavra de Deus diz que na terra não há nenhum justo (Rm 3.10). Devido a falta de qualidade dos cristãos de hoje, estamos nos tornando a pior geração de todos os tempos. Mesmo com templos abarrotados, nem a Paz do Senhor somos mais capazes de entender e abençoar o nosso irmão. Hoje dizemos isso como forma de cumprimento, falando após coisas atrozes da mesma pessoa que deveríamos abençoar com esta saudação. 

Infelizmente, a apostasia está dentro das igrejas e, por não buscarmos sinceramente a face de Deus, nossa religiosidade está sendo o motivador de morrermos em nós mesmos. Hoje, somos suicidas em potencial por não compreendermos as profundidades do livro de Romanos, onde vemos que o maior culpado de nossa derrota, somos nós mesmos. Nossa corrupção passa por não mortificarmos a carne e vivermos segundo o mundo, mesmo dentro da Igreja. Tentamos, a todo custo, adaptar as doutrinas da Palavra de deus, a nossa pobre Exegese.

Devemos rever conceitos, pois Cristo está as portas e irá requerer de nós todo o sangue de nossas mãos. Sangue este que estamos acumulando por não apoiarmos os feridos de sua casa. Por condenarmos pessoas antes de amá-las e tratá-las. Estamos desobedecendo seu mandamento que diz "Não Matarás". Estamos levando pessoas ao suicídio devido ao nosso mau testemunho, pois ao olhar para dentro da igreja, as pessoas do mundo só olham corrupção e pessoas interessadas no financeiro. Por conta disso, está se tornando tão difícil um evangelismo de qualidade, bem como a consolidação de verdadeiros homens de Deus, os quais, antes de qualquer coisa, temem a Deus e a conseqüências de Seus atos de justiça sobre nós.

Cristo está as portas. Não podemos mais permitir soldados feridos em nossas trincheiras. Devemos tratar feridas através do perdão. Devemos ser jardineiros e retirar de nossos corações toda a raiz de amargura, a qual nos sufoca e nos leva a morte. É ora do verdadeiro despertamento espiritual para que possamos, juntos e sem vaidades, estarmos no coração de Deus para toda a eternidade.

Que Deus possa abençoar a todos e que o Espirito de Deus nos faça refletir em nossa postura diante dos pacientes que estão sentados em nossas congregações.


Eduardo dos Santos Santos

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